“Segurança Privada em Expansão: O Brasil nas Mãos do Vigilante”

Com crescimento acelerado e presença crescente em espaços públicos, a segurança privada se torna peça-chave no combate à criminalidade — mas levanta questões sobre regulação, direitos e desigualdade.

A criminalidade crescente, o medo constante e a percepção de falhas no sistema público levaram milhares de brasileiros a recorrer à segurança privada. Em vez de esperar uma resposta eficiente do Estado, muitos decidiram contratar empresas especializadas para proteger suas casas, negócios e até espaços públicos.

Consequentemente, o setor da segurança privada passou por um crescimento acelerado. Atualmente, o Brasil abriga uma das maiores forças privadas de segurança do mundo. Mais de 700 mil vigilantes atuam no país, número que já supera o efetivo das forças públicas. Esses profissionais marcam presença em condomínios, hospitais, escolas, shoppings e até em eventos públicos, ambientes onde antes apenas policiais circulavam.

Por esse motivo, pessoas e empresas que contratam esse tipo de serviço buscam proteção imediata e personalizada. No entanto, esse movimento também aprofunda a desigualdade social. Enquanto os que têm recursos financeiros conseguem garantir segurança, os que não têm continuam dependentes de um sistema público muitas vezes ineficiente. Com isso, o país constrói uma segurança desigual, que favorece os que podem pagar.

Além disso, o setor enfrenta desafios sérios. A legislação que rege a segurança privada, criada na década de 1980, não acompanha as transformações da sociedade atual. Muitas empresas operam sem autorização legal. Outras exploram os trabalhadores, impondo jornadas exaustivas e oferecendo remuneração insuficiente. A fiscalização, por sua vez, falha com frequência e permite a continuidade dessas práticas.

Dessa forma, o avanço da segurança privada levanta questionamentos relevantes. Quem vigia os vigilantes? Até que ponto essas empresas podem exercer autoridade? E, principalmente, como garantir que respeitem os direitos dos cidadãos, especialmente quando atuam em espaços públicos?

Enquanto o Estado não enfrenta esses dilemas de forma eficaz, a população continuará buscando soluções por conta própria. Como resultado, a presença dos vigilantes cresce a cada dia, ocupando espaços antes reservados exclusivamente ao poder público. Assim, a segurança no Brasil vai se tornando, gradualmente, um serviço privado — acessível a alguns e distante de muitos.

Fonte: Jornal Tribuna

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